Quando um produto é criado, ele surge de uma necessidade ou de uma oportunidade. Ambos com um objetivo central: solucionar um problema. Mas, como não se perder no meio do processo e acabar entregando algo que não satisfaça as necessidades do consumidor? Através da Cultura de Produto.
Existem alguns exemplos de produtos que tinham tudo para dar certo, mas fracassaram em seus objetivos. Um exemplo que podemos citar é o Windows Phone. A Microsoft, que domina o mercado de sistemas operacionais para computadores há anos, firmou uma parceria com uma gigante da telefonia móvel, a Nokia. Se esperava um domínio nesse mercado, mas o sucesso não veio.
De nada adiantou os recursos e as ideias, se o produto não atendeu as necessidades de quem realmente precisava: o público. A cultura de um produto deve ter o cliente como foco principal. Se esse caminho for desviado, até mesmo gigantes podem fracassar em seus projetos.
Assim como uma ideia bruta necessita ser lapidada para que ela se torne uma solução, o projeto também necessita de cuidados especiais e um olhar mais atento para que o produto não caia em armadilhas. Não basta ter qualidade de sobra se o cliente não conseguir usufruir.
Vamos dar um exemplo agora de algo pensado para o público. A plataforma Netflix pode reproduzir vídeos até a qualidade 4K. Mas o que acontece com o cliente que possui uma internet com menos velocidade ou utiliza dados móveis para consumir? Existe a opção com qualidade inferior. Inclusive para baixar os vídeos em dispositivos móveis, sempre mostrando o quanto será gasto no download.
Um produto que quer atingir o maior número de pessoas precisa conhecer seu público. Agora, imagine se a Netflix não possui essa opção e surge no mercado um concorrente que a tenha. Mesmo que o catálogo não seja melhor, o outro consegue me atender. Um produto de sucesso conhece os problemas de seu cliente e foca para solucioná-los.
Podemos dizer, nesse caso, que a Netflix teve uma mentalidade de ecossistema. Essa decisão em disponibilizar vídeos para diversas velocidades de internet, incluindo a menores, gera um valor muito grande para a plataforma como um todo.
Tenha foco no problema do cliente: Pode parecer óbvio, mas muitos se esquecem do porquê estar fazendo aquele produto. É preciso que haja questionamentos, pergunte o porquê e se coloque no lugar da pessoa do qual você está tentando ajudar a buscar a solução. Esse primeiro passo é muito importante, pois aqui você também precisa alinhar as necessidades do consumidor com os objetivos da empresa. De nada adianta buscar uma solução incrível se a sua empresa não conseguir custear o projeto.
A solução para o cliente não pode ser a sua empresa: Vamos pegar um gancho do primeiro ponto. Não é porque vai ser mais fácil fazer desse jeito que vai ser bom para o cliente. Você até pode achar uma solução que vai custar mais barato, ou até mesmo que fará você finalizar o projeto em menos tempo, mas será que isso vai deixar o produto bom para solucionar o problema do cliente? Por esse motivo é preciso testar o produto, ver se existem falhas e seguir adaptando, até que esteja apto.
Apesar de ambas possuírem foco no cliente, a cultura organizacional vai um pouco além. Ela está atrelada aos valores da companhia e traz a ela uma identidade própria. Essa cultura vai guiar a empresa, tanto internamente, com a relação entre os colaboradores e líderes, quanto do lado de fora, na relação com o consumidor.
Do lado de fora, essas duas culturas podem parecer a mesma, mas não são. A relação que você tem com uma marca, graças à cultura organizacional, pode até trazer um impacto referente a cultura do produto que ela está lançando. Mas já vimos que não basta a empresa ser reconhecida no mercado se o produto que ela lançar não estiver de acordo com as necessidades do cliente.
Você pode ser um grande admirador dos produtos Microsoft e conhecer os valores da companhia, da cultura organizacional. Mas, se a empresa falhou na cultura do produto ao desenvolvê-lo para você, de nada adianta. Portanto, mesmo que a cultura organizacional esteja atrelada ao cliente, não se deve dizer que ela e a cultura do produto são semelhantes.
Lançar um produto antes de sua data de lançamento oficial é uma ótima estratégia para testar o público. Geralmente, essa técnica é utilizada com produtos digitais. No mercado de games, por exemplo, é disponibilizado um trecho pequeno e de forma gratuita, conhecida como DEMO (demonstração). Ele serve para que os jogadores testem as mecânicas e descubram falhas que possam ter passado despercebidas pelos desenvolvedores.
No cinema, a indústria costuma realizar sessões teste com filmes de grande orçamento, os projetos são milionários e possuem investimentos de muitas marcas, portanto, é preciso que o público compre o filme. Nesses testes, eles medem as reações do público e podem mudar rumos da história e até mesmo refazer cenas, tudo para que o público compre.
O mesmo acontece em outras indústrias, como a própria Microsoft costuma fazer ao lançar uma nova versão do Windows, incluindo o que está acontecendo nesse momento com o Windows 11.
A cultura do produto nos ensina, na prática, que o foco na solução do problema do cliente não deve ficar para trás. O propósito do produto que está sendo criado não pode ser desviado e o cliente não pode ficar em segundo lugar no desenvolvimento. Se ficar no lugar dele e se envolver de cabeça no projeto, não tem como dar errado. Encare o problema e seja o cliente com o poder de mudança.