A habilidade de executar tarefas bem feitas e em alto padrão é uma disciplina como qualquer outra.
Segundo Larry Bossidy, ex-vice-presidente da General Eletric (GE) e autor do livro Execution – The Discipline of Getting Things Done, “A execução é um conjunto específico de comportamentos e técnicas que empresas precisam dominar para conseguirem ter vantagens competitivas.”
No entanto, mesmo com a importância de uma execução bem feita, muitas empresas e principalmente, líderes, não levam essa disciplina a sério.
Muitos líderes veem a execução apenas como um aspecto tático da empresa, que pode ser delegado para outras pessoas, enquanto acreditam que sua única função é pensar na estratégia do negócio.
É aí que mora o perigo: a maior parte das vezes em que as estratégias elaboradas falham é devido à uma execução mal feita.
A execução deve ser um dos comportamentos-chave da empresa e deve estar profundamente arraigada na sua cultura: sem ela, as tarefas simplesmente não são feitas, e as metas deixam de ser atingidas.
A execução envolve ligar pessoas, estratégia e operações para atingir os objetivos estratégicos da empresa e é tarefa de todo líder estar comprometido e engajado nessa disciplina.
Em seu livro, Larry Bossidy mostra 7 aspectos e comportamentos que líderes devem seguir para aumentar suas chances de obter uma excelência na execução:
enquanto isso pode ser mais fácil em empresas pequenas e médias, em negócios maiores, poucos são os líderes que realmente conhecem todos os stakeholders envolvidos em suas áreas e como cada um contribui para o sucesso da equipe e da empresa.
Mas é fundamental conhecer o máximo possível seu time, para saber quem são as pessoas-chave do negócio e qual é a realidade operacional da empresa.
Muitas pessoas perdem tempo tentando criar cenários otimistas demais ou tentando distorcer a realidade. Isso é especialmente verdade quando algo dá errado e as pessoas tentam explicar através de fatores externos o motivo do erro.
Como líder, é seu papel ser aberto e franco sobre a realidade, e mais ainda, insistir para que as pessoas ao seu redor também o sejam.
É comum que líderes acreditem que ter 10 prioridades na sua lista de coisas a fazer seja normal. Afinal, líderes devem estar à frente dos projetos e liderando as iniciativas da empresa.
Mas esse entendimento pode não ser o mais correto. Se tudo se torna prioridade, nada é prioritário. Portanto, defina algumas poucas prioridades que devam ser endereçadas com a sua equipe e foque nelas o seu esforço.
Uma ótima forma de mapear quais são as prioridades que devem ser atacadas no curto e no longo prazo é fazendo uma matriz de Urgência x Importância:
Essa matriz ajuda a entender o que deve ser priorizado nesse momento (importante e urgente) e o que deverá ser priorizado mais à frente.
Mais do que simplesmente estabelecer quais são as metas a serem atingidas e quais esforços serão feitos, é importante ser persistente e acompanhar o andamento das tarefas.
Crie mecanismos de acompanhamento, como dashboards de performance em tempo real, reuniões semanais entre as equipes de projetos e reuniões mensais maiores, com mais equipes, para manter as metas alinhadas.
Quando você estabelece metas claras e atribui responsáveis e prazos para essas metas, fica fácil distinguir quem atinge e quem não atinge seus objetivos.
Portanto, crie formas de recompensar a boa performance individual e de grupo. Isso fará com que as pessoas se sintam impelidas a atingir suas metas mas também em colaborarem para o sucesso do grupo.
Isso é especialmente importante se a cultura na sua empresa ainda não for voltada para a execução.
Qualquer mudança de cultura passa essencialmente por 3 etapas:
Na primeira, você deve comunicar qual mudança é desejada. E como qualquer esforço de comunicação, isso envolve ter clareza no seu objetivo;
Na segunda fase, você deve envolver as pessoas no planejamento de como será a mudança. Ter inputs de diferentes pessoas, que atuam em diferentes áreas e enxergam diferentes realidades é fundamental para conseguir executar uma mudança cultural. Afinal, a cultura é definida pelas pessoas da sua empresa, no seu dia a dia, e não apenas pela liderança.
Por fim, a terceira fase é recompensar as pessoas e times que se empenharam para tornar realidade as mudanças propostas.
Treinar as pessoas e incentivá-las a desenvolverem habilidades para a resolução de problemas é fundamental para o desenvolvimento de uma boa execução em qualquer negócio.
Esse treinamento pode ser feito de diversas formas: cursos, job rotations, ou simplesmente coaching e troca de experiências entre colegas de equipe.
Desenvolva também as pessoas para se tornarem líderes. É importante criar um “pipeline da liderança”, ou seja, um programa de criação e capacitação de líderes para que a sua empresa se mantenha competitiva no futuro.
Avalie cada líder potencial com base nas características que são necessárias para a sua empresa. Independente de quais sejam essas características, considerem sempre fatores comportamentais, como caráter e interação em equipe, e fatores de performance, como habilidade de executar e atingir metas e objetivos.
Tão importante quanto desenvolver as pessoas, é também saber colocar as pessoas no lugar certo.
Mas muitas vezes não é isso que acontece: às vezes por falta de dados para a tomada de decisão ou por avaliações de performance mal feitas, você pode estar contratando e promovendo (ou tão ruim quanto, demitindo) as pessoas erradas.
Portanto, uma vez identificado que uma pessoa não é a certa para a tarefa, não hesite: mude esse pessoa de lugar imediatamente.
Quando estiver pensando em colocar uma pessoa para executar uma determinada tarefa, faça a seguinte pergunta a si mesmo: “O quão boa é essa pessoa em fazer as coisas acontecerem?”
É um péssimo erro, embora comum, promover e investir em pessoas que te façam sentir confortável e que te mantém na sua zona de conforto, ao invés de buscar pessoas que conseguem executar melhor seus objetivos.
Por fim, tenha em mente que por mais que você incentive o desenvolvimento da sua equipe e tente alocar da melhor forma as pessoas e tarefas, você não necessariamente conseguirá transformar todos os seus colaboradores em performistas acima da média.
Nesse caso, busque realocar essas pessoas que não estão atingindo os altos padrões em tarefas mais simples e treine-as. O importante é não deixar a ineficiência acontecer na sua empresa.
Quando você conhece mais sobre você mesmo, ou seja, suas forças, fraquezas e tendências, você se torna mais aberto a lidar com outras pessoas e aceitar críticas e inputs construtivos, mesmo que de pessoas com opiniões e perspectivas diferentes da sua.
Por fim, ao buscar seguir esses 7 comportamentos, você, como líder, irá aumentar e muito a capacidade do seu time e da sua empresa de execução.
O que no curto prazo pode parecer difícil de atingir, especialmente se a cultura da sua empresa ainda não for voltada para a execução, será o que garantirá a sua competitividade no futuro.
Fonte: Execution: The Discipline of Getting Things Done – Larry Bossidy e Ram Charan
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