Muitas vezes os problemas que enfrentamos parecem ser tão complexos quanto inatacáveis.
Muitos líderes olham para eles como problemas com soluções binárias: a resposta está certa ou está errada, boa ou ruim. Ganhar ou perder.
Esse pensamento binário tem uma limitação embutida: exagerar em qualquer solução acaba gerando o problema oposto.
Por exemplo, considere a história do consultor que é levado para resolver o problema da centralização excessiva na tomada de decisões de uma empresa. A solução do consultor é fazer um plano detalhado de descentralização.
Três anos depois o CEO chama o consultor de volta, preocupado porque a tomada de decisões se tornou muito descentralizada. A solução? Um plano detalhado para centralizar.
O motivo desse fenômeno é que as respostas mais simples trazem conforto e segurança, especialmente em tempos onde a incerteza e a mudança são constantes.
Mas ao invés de tomar uma decisão binária, o ideal é que os líderes cultivem em si mesmos a capacidade de aprofundar e ampliar as suas perspectivas.
O aprofundamento depende da vontade de questionar constantemente suas suposições mais arraigadas e seus dogmas, desafiando seus pontos cegos.
Ampliar significa levar em conta mais perspectivas – e partes interessadas – a fim de resolver qualquer problema desde vários pontos de vista.
E isso requer foco não apenas nas conseqüências imediatas de uma decisão, mas também no provável impacto de longo prazo.
Portanto, para te ajudar a cultivar essa perspectiva mais abrangente, reunimos para você três dicas práticas que vão te ajudar a aperfeiçoar o seu processo de tomada de decisão nos problemas complexos.
É comum as pessoas buscarem adotar aquilo que já conhecem ou o que já estão acostumadas. O Viés da Confirmação é dos mais perigosos, visto que ele te faz sentir mais seguro, te impedindo de ver o cenário mais amplo.
Isso acontece porque, desde criança, as pessoas começam a desenvolver uma narrativa interna sobre como o mundo funciona e o que é verdade. Com o tempo, essa história é fixada, mesmo que não seja factual, e as pessoas costumam passar o resto da vida aderindo a ela.
No entanto, a realidade é que qualquer coisa usada em excesso pode ser prejudicial.
Pense em um ponto forte seu e então tente lembrar algum momento onde ele foi extrapolado. Por exemplo, uma pessoa muito confiante, ao extrapolar essa confiança, pode se tornar arrogante.
Portanto, para te ajudar a questionar as suas convicções, pergunte-se: “o que acontece quando eu me excedo?”, “o que eu não estou enxergando?”, “o que mais pode ser verdade?”.
A maioria dos líderes tem cada minuto de suas agendas já preenchido, geralmente com calls, reuniões, coordenação de projetos, etc.
Mas essas demandas implacáveis e a pressão para responder rapidamente minam o pensamento mais complexo.
O problema é que as melhores soluções normalmente não surgem de uma decisão rápida.
Pelo contrário, as soluções diferenciadas emergem das reflexões sobre as questões mais difíceis. E essas reflexões normalmente não são feitas em 2 minutos.
Por isso, uma forma de contornar esse problema é dedicar a primeira hora do seu dia de trabalho a refletir sobre a tarefa mais desafiadora do seu dia.
Esta prática é uma maneira de garantir que você conceda às questões complexas tempo e atenção que de outra forma poderiam ser consumidos por tarefas mais urgentes, mas menos exigentes intelectualmente.
Acostumar-se com a complexidade não é apenas um desafio cognitivo, mas também emocional.
Em parte, trata-se de aprender a gerenciar emoções negativas – raiva e medo sobretudo.
E quando as pessoas entram em um estado de luta ou de fuga, causado por essas emoções negativas, elas se tornam mais reativas, recorrendo aos seus instintos primitivos, se tornando menos capazes de refletir.
E é nestes momentos em que a atenção muda automaticamente do foco na tarefa em questão para defender o senso de valor do indivíduo.
No entanto, só o fato de você se perceber neste estado de emoção já te ajuda a modular a inclinação de atacar os outros, e ir na direção de um comportamento que te faça conseguir restaurar um estado de equilíbrio.
Quando isso acontece, parar por apenas 60 segundos para fazer uma respiração profunda e esvaziar a mente pode ser uma maneira poderosa de manter os equilíbrios fisiológico e emocional.
Você também pode fazer algo tão simples quanto levantar-se de sua mesa e dar uma caminhada de cinco ou dez minutos.
Reagir na hora da emoção tende a deixar as pessoas unidimensionais.
Acima de tudo, gerenciar a complexidade requer coragem e vontade para aceitar as incertezas de um mundo que muda a cada dia.
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Fonte: What It Takes to Think Deeply About Complex Problems – Tony Schwartz – Harvard Business Review
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