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Inove com uma Cultura de Experimentação

Por Bruno Gonçalves
Categoria Inovação
02 Abril 2020
Tempo de leitura: 5 min
Inove com uma Cultura de Experimentação

Experimentação: como tornar parte da cultura da sua empresa?

Com os avanços da tecnologia, facilitou-se o acesso às ferramentas e aos métodos de pesquisa.

Diversas empresas fazem testes diários de hipóteses para melhorar seu desempenho. A experimentação está cada vez mais democratizada.

O Booking.com, por exemplo, chega a fazer mais de 25.000 testes por ano para aperfeiçoar a experiência de seus clientes e seus processos internos. Isso porque qualquer pessoa do time pode testar qualquer hipótese sem precisar da aprovação das lideranças da empresa.

Esse tipo de comportamento adotado dentro do Booking.com, permitiu que a empresa saísse do patamar de uma pequena start-up para a maior plataforma de acomodações online do mundo, em duas décadas.

E se engana quem pensa que essa busca pela experimentação é característica única de negócios puramente digitais. Empresas cujas raízes são analógicas também podem adotar essa filosofia: fazer testes online em seus sites sobre melhores escolhas de design, descontos, etc.

Por que tão poucas empresas adotam esse mindset de Experimentação?

De acordo com o Professor Stefan Thomke, da Harvard Business School, o principal motivo para essa aversão à experimentação é a própria cultura da empresa.

Ou seja, quando as empresas tentam implementar estratégias online de testes e experimentações, elas costumam encontrar obstáculos. Por incrível que pareça, esses obstáculos não são tecnológicos, mas sim comportamentais.

Isso acontece pois a experimentação por si própria, leva a um processo de tentativa e erro, e em muitas empresas, falhar, mesmo que com o intuito de inovar, é mal visto.

Falhar na Cultura de Experimentação

Falhar faz parte do processo de qualquer inovação e para conseguirem se manter a frente da concorrência, as empresas devem adotar um processo onde a busca pela inovação e pela experimentação faça parte do dia a dia dos seus colaboradores.

Para solucionar esse problema, em seu artigo, o Prof. Stefan Thomke sugere algumas mudanças de comportamentos e de processos que podem ajudar a criar uma cultura de experimentação na sua empresa

1 – Cultive a curiosidade

Um dos primeiros passos para criar uma cultura de experimentação na sua empresa é fazer com que todos os seus colaboradores aceitem ser curiosos.

Para isso, uma mudança que deve ser feita é criar um consenso de que é comum errar ou obter resultados inconclusivos ao testar novas hipóteses. É crucial para criar um ambiente onde as pessoas se sintam confiantes e confortáveis com falhas de experimentação.

Enfatizar a importância de apenas testes bem sucedidos pode acabar fazendo com que seus colaboradores optem por focar em soluções que eles já estão acostumados a usar, ao invés de buscar novos métodos e ideias.

Outro ponto em que empresas ainda são relutantes e conservadoras é no quanto se deve fazer experimentações.

Pode parecer contrassensual ou até contraproducente, mas é menos arriscado fazer muitos testes do que fazer poucos testes.

Isso porque, normalmente, a taxa de sucesso de novos testes é muito baixa. Portanto, ao experimentar pouco, é possível que você tenha pouquíssimos resultados ou até nenhum sucesso. Por outro lado, ao fazer grandes quantidades de testes, por mais que a sua taxa de sucesso seja baixa, você muito provavelmente terá resultados positivos.

2 – Coloque os dados à frente das opiniões

O resultado de qualquer experimentação sempre deve se impor a qualquer opinião pessoal, seja de quem for.

Mas isso pode ser difícil por um simples motivo: é natural do ser humano querer usar apenas dados que confirmam suas ideias e hipóteses já pré-formuladas. Esse comportamento é chamado de viés da confirmação (para mais detalhes sobre esse e outros vieses, veja nosso artigo sobre Pensamento Crítico).

Uma forma de contornar esse problema é criar uma regra onde todos as mudanças que foram validadas experimentalmente devem ser implementadas, salvo raras exceções onde exista algum outro motivo, não pessoal e opinativo, (jurídico, por exemplo) que impeça essa implementação.

Isso não significa que todas as decisões devam ser baseadas em experimentações online. É difícil conseguir criar testes para tudo. No entanto, tudo que puder ser testado pode se tornar um instrumento para a tomada de decisões.

3 – Democratize a Experimentação

Se experimentar mais faz com que a sua chance de ter resultado aumente, uma implicação lógica é permitir que qualquer pessoa na sua empresa tenha a oportunidade de fazer testes por si próprio.

Entretanto, isso pode acabar virando um desafio de processos: cada um experimentando o que quer, quando quer e da forma que quer pode acabar atrapalhando mais do que ajudando se não houver organização.

Para evitar isso, crie templates padrões para seus colaboradores seguirem, com informações sobre como fazer testes, como criar um relatório de resultados, como compartilhar o conhecimento, etc.

Outra iniciativa que você pode adotar, assim como o Booking.com fez, é a de criar e compartilhar um repositório com todos os experimentos que estão sendo feitos e que já foram realizados no passado, junto com os principais resultados que foram gerados.

4 – Tenha cuidado para não ultrapassar a barreira ética

Alguns testes e experimentos online podem beirar a linha do que é e o que não é ético.

O Facebook há alguns anos, por exemplo, conduziu um experimento online onde ele manipulou o feed de notícias de um grupo de pessoas (escolhido aleatoriamente), para determinar o quanto essas pessoas eram afetadas por notícias boas e ruins em seus feeds.

Em termos de experimentação, esse teste foi um sucesso. Por outro lado, a imagem da empresa foi fortemente atacada porque muitas pessoas entenderam que empresa manipulou (negativamente) seus usuários, sem consentimento claro.

Portanto, é necessário criar uma forma de estabelecer até onde vale a experimentação. O que pode e o que não pode ser feito.

O grande desafio, é fazer isso sem criar tantas regras que acabem deixando seus colaboradores mais curiosos de mãos atadas.

Além de estabelecer claramente os limites éticos da empresa, uma maneira para isso é criando fóruns internos (preferencialmente online), onde as pessoas que estejam em dúvida sobre determinada experimentação, possam debater com outros colaboradores.

5 – Adote um novo modelo de liderança

Ao democratizar a experimentação e seguir fielmente seus resultados, as empresas acabam dando a seus colaboradores, as ferramentas necessárias para que eles mesmo tomem decisões e acelerem o processo de inovação da empresa.

Diante disso, cabe aos líderes da empresa adotarem um novo comportamento que permita que essa nova cultura de experimentação se mantenha.

Para começar, os líderes devem passar para seus colaboradores a visão de como esses testes e experimentações estão ajudando a empresa a atingir seus objetivos.

Para isso, é necessário que alguns dos objetivos estratégicos da empresa sejam quebrados em KPIs que possam ser testados.

Além disso, por mais que o desejo de experimentar e testar coisas novas deva partir de todos, é dever dos líderes, prover as ferramentas e recursos que permitam que a experimentação seja feita em larga escala dentro da empresa e fazer da experimentação um processo.

E mais do que isso, os líderes da empresa devem adotar acima de tudo o mindset de dados. Isso significa aceitar as mesmas regras que são válidas para todos e ter as suas próprias ideias e convicções colocadas à prova.

Por fim, a grande chave do problema é entender que a experimentação requer comprometimento.

O que mais importa não é se um experimento deu certo ou não; mas sim como as decisões são tomadas e ajustadas diante da incerteza.

E a resposta é simples: com base em dados.

Se você gostou desse artigo e quer saber mais sobre experimentação e inovação, temos uma boa notícia para você!

Fonte: Building a Culture of Experimentation – Stefan Thomke – Harvard Business Review


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Bruno Gonçalves

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