Não é incomum ouvir pessoas que trabalham com inovação, ou até mesmo empresas inovadoras, defenderem a importância de não criticar ideias durante o fluxo de criatividade, para não limar o entusiasmo da equipe.
Na IDEO, considerada uma das empresas mais iovadoras do mundo, existe um mantra de “Adiar o julgamento” sempre que se está fazendo um brainstorming. Esse mantra é levado mais adiante como a seguinte regra: “Quando uma pessoa propõe uma idéia, não diga ‘Sim, mas …’ para apontar falhas na idéia; em vez disso, diga “Sim e …””
No “Sim, mas…”, o problema é que mesmo as ideias com maior potencial podem ser deixadas de lado por falhas que não são bem exploradas. É comum, logo após a primeira crítica, as ideias serem abandonadas, e com isso, uma grande inovação pode ser perdida.
Por outro lado, no “Sim, e…” o problema é justamente que faltam críticas que podem aperfeiçoar a ideia e evitar as falhas.
A crítica, quando bem embasada, é fundamental para o amadurecimento de uma ideia.
Roberto Verganti e Don Norman, dois pesquisadores da Harvard Business Review, reuniram uma forma de ajudar a criar um processo de discussão de ideais que prevê falhas, sem deixar de lado ótimas ideias que podem impulsionar o seu negócio.
Eles sugerem utilizar a regra do “Sim, mas e”, para combinar as melhores características do processo crítico, com as melhores partes da ideação.
Ao escutar uma ideia nova, forneça uma crítica construtiva (mas) e sugira uma forma de evitar ou superar a falha (e).
Esse processo pode ser feito com duas pessoas, em um debate onde uma por vez, as pessoas vão adicionando novos pontos e aperfeiçoando a ideia principal. Se for o caso, mais pessoas também podem ajudar trazendo críticas e soluções.
Esse tipo de interação construtiva incentiva um ciclo profundo de diálogos críticos que podem levar a uma ideia coerente e inovadora.
Observe que o “mas” antecipando o “e” é essencial.
Para desenvolver sua ideia, seu colega não apenas adiciona uma nova proposta aprimorada. Primeiro, ela fornece uma crítica, que permite que você receba informações específicas, e veja pontos fracos em sua ideia que você não conseguiu identificar por conta própria, te gerando um novo aprendizado.
Essa combinação de “mas” e “e”, cria um progresso real que faz com que a equipe veja os componentes positivos e negativos da ideia, permitindo que cada interação vá ainda mais fundo na análise.
Para criar avanços, é necessário alavancar os contrastes que vêm da crítica em vez de escapar deles. Se feitos da forma correta, o debate e as críticas não inibem as idéias; ao contrário, eles as estimulam.
Para isso, é necessário que haja uma escuta respeitosa e o reconhecimento do talento e das habilidades dos colegas. Quando o “mas” se torna um ataque à outra ideia (ou pior ainda, na outra pessoa), então o resultado é prejudicial.
Por fim, o segredo está no comportamento conjunto dos participantes.
Aqueles que oferecem as críticas devem enquadrar seus pontos como sugestões positivas e úteis. Aqueles que estão sendo criticados deve usar críticas para aprender e melhorar suas idéias.
Quando conduzida com curiosidade e respeito, a crítica se torna a forma mais avançada de criatividade.
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Fonte: Why Criticism Is Good for Creativity – Roberto Verganti e Don Norman – Harvard Business Review