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3 Hábitos para melhorar seu pensamento crítico

Por Bruno Gonçalves
14 Janeiro 2020
Tempo de leitura: 6 min
3 Hábitos para melhorar seu pensamento crítico

O mundo está em constante mudança. Isso é um fato.

Nos últimos anos, muitos negócios que eram vistos como sólidos mostraram sua fragilidade pela força do mercado. [:p][BR] A imponente indústria da música, foi disruptada pelo modelo de negócios que a Apple criou através do iTunes; o mercado de táxis, no mundo inteiro, mudou com o surgimento do Uber; e a forma como você se hospeda quando viaja foi totalmente transformada depois do surgimento do Airbnb e das plataformas como Booking.com e Trivag o.

Essas mudanças aconteceram por diversos motivos: falta de capacidade de gestão, negligência com o que o cliente queria, mudanças de tecnologias, etc.

No entanto, o motivo aparente esconde uma outra razão pela qual diversas empresas e mercados sofreram tanto para se manterem estáveis nos últimos anos: falta de pensamento crítico.

Muitas pessoas não param para pensar e avaliar as perspectivas de outros pontos de vista. Elas simplesmente assumem como verdade a primeira conclusão que vem à cabeça.

Mais do que isso, muitas pessoas escolhem acreditar em ideias que simplesmente servem como alicerce para suas próprias crenças e interesses pessoais.

A boa notícia é que o pensamento crítico é algo que pode ser aprendido e trabalhado com o tempo e existem 3 hábitos que você pode cultivar e aperfeiçoar para isso.

1 – Questione suas suposições

Quando as pessoas se sentem muito confiantes, é comum que elas cometam erros.

É simples: tente lembrar uma ocasião onde você acreditou que dominava uma situação e já tinha previsto todos os resultados possíveis, mas foi surpreendido com algo novo que mudou seus planos.

Talvez, se você tivesse se questionado se o que você supôs estava certo, você poderia ter previsto algo diferente.

Mas ficar questionando tudo a todo momento é difícil e ineficiente. Por isso, a primeira coisa que você deve ter em mente é saber quando você deve questionar suas crenças.

Um dos momentos é quando algo importante precisa ser decidido.

Por exemplo, se você estiver discutindo o planejamento estratégico da sua empresa para os próximos anos.

Nesse caso, não assuma que tudo que aconteceu até hoje vai se repetir no futuro.

Use perguntas alternativas para criar cenários, como: “e se o comportamento dos nossos clientes mudar?”, “e se nossos principais fornecedores não conseguirem mais nos atender?” ou “e se um concorrente conseguir oferecer preços muito menores que os nossos, com a mesma qualidade?”

Este tipo de perguntas te ajuda a ter perspectivas diferentes e novas, que ajudam a aprimorar o seu pensamento.

2 – Se baseie em dados e evidências

Hoje, mais do que nunca, as pessoas são inundadas por dados.

No entanto, apesar dessa abundância, é comum ver líderes tomando decisões sem se basear em informações concretas e concisas.

Isso acontece, em partes, porque essa abundância de dados também atrapalha na tomada de decisão.

Mais importante que o volume de dados, é a qualidade desses dados e o pensamento crítico sobre o que analisar e o que deixar de lado.

Além disso, estar atento a algumas falácias pode te ajudar a tomar melhores decisões.

No seu livro “Rápido e Devagar”, o ganhador do prêmio Nobel de economia, Daniel Kahneman, cita diversas dessas falácias que as pessoas estão acostumadas a acreditar e que, por consequência, levam a erros de julgamento.

No livro, Kahneman separa a tomada de decisões dos seres humanos em dois sistemas: um sistema rápido, intuitivo e primitivo (Sistema 1) e um sistema mais demorado, lógico e avançado (Sistema 2).

O Sistema 1 é o responsável, por exemplo, pela tomada de decisões em situações de luta ou fuga, onde a pessoa deve tomar uma decisão rápida, sem perder tempo pensando.

Já o Sistema 2 é mais lento e utiliza dados e evidências para a tomada de decisões. Esse sistema só está presente em seres mais desenvolvidos, como os seres humanos.

De acordo com Kahneman, a maior parte dos erros de julgamento acontece quando o Sistema 1 (intuitivo) toma as rédeas da situação e impede que o Sistema 2 (crítico) trabalhe. E isso acontece através principalmente da criação de vieses cognitivos.

Um desses vieses é o Viés da Disponibilidade.

Esse viés acontece naturalmente quando as pessoas tomam decisões. Neste processo, reunimos as informações que conseguimos lembrar sobre o tópico para tomar uma decisão embasada nessas lembranças. Porém, muitas vezes você pode acabar por ignorar aquilo que não sabe ou não se lembra, e essas podem ser informações cruciais para essa tomada de decisão.

Por exemplo: se alguém te pedir para avaliar um líder e disser que esse líder é inteligente, bem apessoado e firme. Com apenas essas informações, você provavelmente assumirá que este é um bom líder.

Mas se após essa sua análise, a pessoa disser que além dessas características, esse líder tem o pavio curto, trata mal seus subordinados e é corrupto? Nesse caso, você certamente assumirá que fez um julgamento errado.

O ponto principal desse viés é que a falta de informações pode levar a decisões erradas. Por isso se faz necessário estudar o fenômeno para entender as principais variáveis que afetam uma decisão antes de tomá-la.

Outro viés é o da Confirmação.

Este viés explica a tendência das pessoas de procurar evidências apenas para dar suporte ao seu ponto de vista, e não prestar atenção às demais perspectivas.

Por exemplo, se você tem medo de andar de avião e quer convencer alguém de que não devem viajar por esse meio, você provavelmente usará argumentos sobre acidentes aéreos recentes.

No entanto, você pouco provavelmente irá buscar evidências que provam que o avião é um dos meios de transporte mais seguros e que acidentes com carro, por exemplo, são muito mais frequentes.

Isso acontece pois você, tendenciosamente, quer provar que o seu ponto de vista está certo.

Uma das formas de contornar esse viés é buscando diferentes perspectivas e opiniões na hora de tomar uma decisão. Pergunte-se: “O que eu estou assumindo como verdade é fruto da expectativa de um resultado que eu quero que aconteça?”

Por fim, outro viés importante que está presente na tomada de decisões é o da Ancoragem.

A ancoragem (ou ancoramento) é a tendência a tomar decisões com base nas primeiras impressões. Esse princípio é, por exemplo, o que explica a afirmação de estereótipos.

Para comprovar esse princípio, Strack e Mussweiler fizeram um experimento onde dividiram dois grupos de pessoas e pediram para que elas opinassem com quantos anos elas achavam que Mahatma Gandhi morreu.

Mas antes disso ele fez uma pergunta para cada grupo: para o grupo 1, perguntou se Gandhi tinha morrido antes ou depois dos 9 anos, e para o grupo 2, perguntou se ele tinha morrido antes ou depois dos 140 anos.

A resposta do Grupo 1, ancorada no valor baixo dos 9 anos, foi de 50 anos. Já a resposta do Grupo 2, ancorado nos 140 anos, foi de 67 anos, na média.

Este rápido experimento mostra o impacto de como uma primeira informação influencia na hora de tomar uma decisão.

Esse princípio é largamente utilizado por negociadores experientes, que por exemplo, fazem primeiro uma proposta para ancorar o outro lado em um valor desejado.

Portanto, para evitar esses vieses na sua empresa, preste atenção na lógica sobre a qual os argumentos estão sendo criados.

Pergunte-se: “essa ideia tem o apoio de evidências concretas?”, “Estou sendo influenciado por algum sentimento interno de confirmar minhas expectativas?”, “Possuo todas as informações relevantes para tomar essa decisão?”

3 – Busque uma diversidade de opiniões

É comum as pessoas se agruparem e gostarem de trabalhar com pessoas que pensam ou agem de forma parecida. É mais simples.

Mas isso é ruim.

Se todos ao seu redor pensam e agem como você, pouco provavelmente você mudará suas crenças devido a novas informações, afinal, todos ao seu redor concordam com a maioria do que você fala.

Na realidade, de acordo com Cass Sunstein, professor da Harvard Law School, quanto mais as pessoas convivem com pessoas que compartilham os mesmos pontos de vista, mais polarizados e extremos esses pontos de vista se tornam.

Por isso, é importante sair do seu núcleo de trabalho, ou da sua bolha.

Você pode começar pequeno: se você é da área financeira, comece a conversar mais com as pessoas da área de marketing, por exemplo. Se você costuma almoçar com o time mais sênior, tire um dia para almoçar com um time mais junior.

Esteja aberto a outras perspectivas e tente eliminar os vieses.

Por exemplo, para evitar que as pessoas convirjam em uma ideia oferecida por uma liderança, antes de discutir todas as alternativas possíveis, peça para que cada um escreva em um papel, sua opinião sobre o assunto. Isso evita que uma ideia, normalmente levantada por uma pessoa mais senior, seja aceita sem discussão de outros pontos de vista.

Por fim, por mais que essas dicas pareçam simples, raramente elas são postas em prática, especialmente em empresas tradicionais.

Embora diversos fatores, como a sorte por exemplo, desempenhem seus papéis no sucesso de uma empresa, as maiores vitórias no mundo dos negócios acontecem devido à capacidade do seu time pensar de forma crítica.

Fontes: 3 Simples Habits to Improve Your Critical Thinking – Helen Lee Bouygues – Harvard Business Review; Rápido e Devagar. Duas Formas de Pensar – Daniel Kahneman

E não deixe de escutar o episódio 10 do nosso podcast, O X da Gestão, onde convidamos a Presidente da ABRH RJ, Lúcia Madeira, para falar sobre O Novo Paradigma de Gestão de Pessoas. Você pode escutar o episódio clicando AQUI.


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